segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

BETO BIZU  " MEU MESTRE"

Há um texto que diz assim: "Aquele que aprende um parágrafo, um versículo ou um capítulo da Escritura com alguém, já o deve honra-lo como seu mestre".


Havia uma vida, como qualquer outra deste mundo, que vivia por aí em busca do que se vê e do que se sente. Uma vida que acreditava que tudo se resumia no visível, que o mundo era apenas o que se vê, que Deus era apenas Deus (um Deus grande, bom, mas distante). Havia uma vida que se preocupava com o respeito humano, que pensava que vivia da forma certa, que acreditava saber o que queria e como deveria ser, que era nada, mas que pensava ser alguma coisa.

Um dia esta vida se encontrou com outra vida. Uma vida diferente, uma vida experiente, com cabelos brancos e pele fininha, mas que possuía, proporcionalmente à sua experiência, uma vivacidade autêntica e jovem. Uma vida já sofrida, mas cheia de consolação. Uma vida com marcas (visíveis e invisíveis), mas repleta de uma alegria infinita. Uma vida firme, decidida que trazia consigo uma severidade mas com um amor imensurável. Uma vida que era como um livro.

Estas vidas se encontraram e a vida mais velha passou a ensinar a vida mais nova. Ora com palavras, ora com olhares, ora com gestos e até mesmo com o silêncio. Em tudo havia um ensinamento para vida mais nova. A vida mais velha se derramou, ensinou tudo o que pôde. Não foi fácil. A vida mais velha fez rir, fez chorar, desvendou mistérios, revelou segredos, derramou todo seu amor, se fez nada, humilhou-se, cantou (e como cantou), abraçou, fez rir (outra vez) e apresentou qual deveria ser o real sentido daquela vida. Então a vida mais nova morreu. Foi submergida nas águas e renasceu uma outra vida.

E esta outra vida continuava a aprender, cada dia mais, com a vida mais velha. Aprendeu que nem tudo é o que se vê, que existe algo a mais, algo além dos olhos. Aprendeu que o mundo não é apenas isso; que Deus é sim grande, é bom, mas que está SEMPRE PERTO. Aprendeu que dentro daquelas vidas mora o Espírito Santo, que a vida deveria ser uma comum unidade, que a Palavra é a luz dos seus caminhos. Aprendeu a importância da doação, do abandono do "eu" para viver pelo "nós", aprendeu que Deus se agrada com o simples, com o humilde, com o miserável. Aprendeu que os pássaros louvam e não cantam, que a alegria é diferente de felicidade e que nada pode nos separar do amor de Deus. Aprendeu que é livre. Aprendeu a orar, a agradecer e a pedir aos anjos que acampassem ao redor.

Foram ensinamentos sem fim e, de repente, a vida mais velha partiu. Foi para o lugar que sempre sonhará, que vivia por ele, que ansiava estar. Foi para o Pai, para o Reino pelo qual tanto trabalhou e lutou nesta terra. Foi grata a este planeta que a recebeu, foi contente, combateu o bom combate, venceu a corrida e guardou a fé.

E a vida mais nova entende que a vida mais velha era de fato um livro, um livro sem fim, chamado Evangelho de Cristo. Hoje, a vida mais nova encontra-se repleta de gratidão a Deus por ter permitido tal encontro, por ter permitido tantos aprendizados e por ter descoberto o verdadeiro sentido da vida. De fato, a vida mais velha não a ensinou um parágrafo, um versículo ou um capítulo das Escrituras, mas a ensinou a Escritura inteira.

Obrigada, mestre!

In memoriam to my father in faith.


terça-feira, 14 de setembro de 2010

O alimento

Num mundo de incertezas e competição o ser humano se vê num vazio tão grande que qualquer ato seu praticado se torna motivo de glória, orgulho.
Ele precisa desta motivação para encontrar em si o seu valor. Sendo que na verdade tudo em si e por si já tem o seu valor.
O seu vazio, sua competição, incerteza, o torna totalmente carente de valor. Quando deixamos de ser alguma coisa, nos anulando, aí sim o que há de maior valor em nós se manifestará que é o Sagrado, somente ele, o nosso homem interior é capaz de realizar grandes coisas. Sendo assim podemos ver que o Autor e Criador de nossa vida é que nos capacita em tudo.
A nobreza humana depende do reconhecimento deste Sagrado em si, preenchendo o vazio, permitindo que a grande sabedoria divina resgate o que há de mais simples e potencializa a verdadeira riqueza que todo ser humano precisa. Saber que somos parte de um Todo, não somos parcial, mas temos uma relação harmônica com a vida de todos os seres.
E para que isso seja pleno precisamos enxergar com os olhos de Deus.
Umas das coisas mais simples de ser vista no nosso dia a dia, que está presente numa relação harmoniosa perfeita com a nossa vida, é o alimento.
O que há de mais puro que a mãe terra que produz com perfeição o alimento que ingerimos, contendo todos os nutrientes que precisa o nosso corpo, fazendo a união perfeita em nós e gerando a vida.
Existe nele uma combinação de vitaminas todas prontas para se doar, esperando o seu momento de interação com um outro ser, para que ele seja completo e realizado. Só assim ele se torna pleno da sua grande tarefa destinada. Caso contrário ele se verá numa aglomeração de bactérias fedorentas e servindo-se somente de assento para moscas.
Entre uma das belezas deste processo do alimento é quando ele sofre sua transformação química pela mão do homem na hora do seu preparo, ali há todo um processo de interação com a vida, é dali que se extrai a estrutura da vida do corpo do homem. Existe todo um sacrifício de sua parte, isso tudo somente para agradar o paladar do homem e deixá-lo alimentado e saudável.
Portanto, todo desempenho e desenvolvimento para preparar qualquer alimento que seja, há uma grande desenvoltura do mesmo, por causa da vida contida nele, relativo à presença divina em si.
Por isso, não há méritos e nenhuma conquista gloriosa para nenhum homem, se caso acontecer, isso só ofusca a possibilidade de se ver a realidade com mais lucidez. Tudo já está no pensamento de Deus, tudo é para Ele por Ele realizado, somos apenas instrumentos em suas mãos. Somente com essa consciência é que podemos nos tornar um com todo ser vivo, pois necessitamos um do outro.
 O Espírito Santo nosso educador e mestre é que nos ensina todas as coisas.
Não se pode encher uma vasilha, se ela já está cheia, ou seja, o homem nunca verá Deus se está cheio de si e de suas conquistas.



quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A FELICIDADE

A FELICIDADE
Não podemos especificar a felicidade como sendo um mero sentimento da nossa alma.
Pois ela não depende de alguma razão externa. É um estado permanente no interior do homem.
Não são as circunstâncias, pois elas mudam nossos sentimentos, não são famílias, objetos e qualquer outro elemento que complementam nossa existência.
A felicidade está além daquilo que podemos ver, sentir, tocar.
Ela está em poder compreender que existe a liberdade daquilo que parece nos trazer felicidade ou realização nessa existência, em fatos ou acontecimentos.
Podemos ser felizes em qualquer situação, porque não é o que é externo que se realiza em nós.
Tanto é que uma doença, um sofrimento, também pode ser ocasião de felicidade. Pois para o filho de Deus, as trevas podem ser, tão transparente como a luz.
A felicidade é encontrar em nós o sagrado, que é nossa verdadeira identidade, sua natureza é portanto oculta, e aquele que o descobriu nunca mais será infeliz.
Pois o sagrado não se mistura e não se detém, significa algo que é separado, é como o óleo que não se dissolve e não se mistura, ou seja, ele nunca se deixará afetar por circunstâncias, sentimentos, emoções ou qualquer acontecimento alheio.
Ele vive sem qualquer motivo, sem causa, não precisa de motivações ou alguma causa extraordinária para movimentar sua alegria.
É preciso uma transformação de consciência para essa percepção do sagrado em si mesmo, após esta grande descoberta, o ser humano tem um grande acesso e celebração a esse ser sagrado e a tão esperada felicidade é descoberta. Daí a motivação para ser eternamente feliz.
O segredo da felicidade é a liberdade dos conceitos errôneos do que é a felicidade.
Aquele que encontrou o sagrado em si, será feliz, sem nenhuma mancha de tristeza.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

HUMILDADE E ORGULHO

Humildade X Orgulho



Você já deve ter ouvido muitas vezes a palavra humildade, não é mesmo?

Essa palavra é muito usada, mas nem todas as pessoas conseguem entender o seu verdadeiro significado.

O termo humildade vem de húmus, palavra de origem latina que quer dizer terra fértil, rica em nutrientes e preparada para receber a semente.

Assim, uma pessoa humilde está sempre disposta a aprender e deixar brotar no solo fértil da sua alma, a boa semente.

A verdadeira humildade é firme, segura, sóbria, e jamais compartilha com a hipocrisia ou com a pieguice.

A humildade é a mais nobre de todas as virtudes pois somente ela predispõe o seu portador, à sabedoria real.

O contrário de humildade é orgulho, porque o orgulhoso nega tudo o que a humildade defende.

O orgulhoso é soberbo, julga-se superior e esconde-se por trás da falsa humildade ou da tola vaidade.

Alguns exemplos talvez tornem mais claras as nossas reflexões.

Quando, por exemplo, uma pessoa humilde comete um erro, diz: "eu me equivoquei", pois sua intenção é de aprender, de crescer. Mas quando uma pessoa orgulhosa comete um erro, diz: "não foi minha culpa", porque se acha acima de qualquer suspeita.

A pessoa humilde trabalha mais que a orgulhosa e por essa razão tem mais tempo.

Uma pessoa orgulhosa está sempre "muito ocupada" para fazer o que é necessário. A pessoa humilde enfrenta qualquer dificuldade e sempre vence os problemas.

A pessoa orgulhosa dá desculpas, mas não dá conta das suas obrigações e pendências. Uma pessoa humilde se compromete e realiza.

Uma pessoa orgulhosa se acha perfeita. A pessoa humilde diz: "eu sou bom, porém não tão bom como eu gostaria de ser".

A pessoa humilde respeita aqueles que lhe são superiores e trata de aprender algo com todos. A orgulhosa resiste àqueles que lhe são superiores e trata de pôr-lhes defeitos.

O humilde sempre faz algo mais, além da sua obrigação. O orgulhoso não colabora, e sempre diz: "eu faço o meu trabalho".

Uma pessoa humilde diz: "deve haver uma maneira melhor para fazer isto, e eu vou descobrir". A pessoa orgulhosa afirma: "sempre fiz assim e não vou mudar meu estilo".

A pessoa humilde compartilha suas experiências com colegas e amigos, o orgulhoso as guarda para si mesmo, porque teme a concorrência.

A pessoa orgulhosa não aceita críticas, a humilde está sempre disposta a ouvir todas as opiniões e a reter as melhores.

Quem é humilde cresce sempre, quem é orgulhoso fica estagnado, iludido na falsa posição de superioridade.

O orgulhoso se diz céptico, por achar que não pode haver nada no universo que ele desconheça, o humilde reverencia ao criador, todos os dias, porque sabe que há muitas verdades que ainda desconhece.

Uma pessoa humilde defende as idéias que julga nobres, sem se importar de quem elas venham. A pessoa orgulhosa defende sempre suas idéias, não porque acredite nelas, mas porque são suas.

Enfim, como se pode perceber, o orgulho é grilhão que impede a evolução das criaturas, a humildade é chave que abre as portas da perfeição.

Você sabe por quê o mar é tão grande? Tão imenso? Tão poderoso?

É porque foi humilde o bastante para colocar-se alguns centímetros abaixo de todos os rios.

Sabendo receber, tornou-se grande. Se quisesse ser o primeiro, se quisesse ficar acima de todos os rios, não seria mar, seria uma ilha. E certamente estaria isolado.